sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Coragem

"Acho engraçado quando alguém chega a meu camarim e diz: 'Que coragem a sua de cantar Eu gosto de homens e de mulheres!'. Poxa, 'coragem' é uma expressão muito antiquada nessa área"
Ana Carolina

Valendo-me das sábias palavras da Diva, introduzo o assunto da minha postagem de hoje. Há poucos dias, uma amiga falou-me que viu eu e minha excelentíssima esposa de mãos dadas pela universidade, e pensou que somos muito corajosas. Não falei nada pra ela, mas vou falar aqui. Não sou corajosa. Apenas sou eu. Andamos de mãos dadas como qualquer casal por que somos um casal como outro qualquer. Levar minha namorada, nas férias, para a casa de meus pais, não foi nada corajoso. Mostrar o apartamento em que vivemos, onde só há uma cama, para minha mãe, não foi nada corajoso. Aparecer na casa dos meus pais com uma enorme aliança na mão esquerda não foi nada corajoso. Só fiz o que qualquer casal normal faria. E somos um casal normal.
Coragem, pra mim, é levar uma vida dupla, é ter que chamar a namorada de amiga, é bancar a solteirona por nunca aparecer com um namorado em casa.

O mundo só vai nos ver como casais normais quando começarmos a nos comportar como tal, e realmente acreditarmos que o somos.


Selo Longe do Armário




Haja vista todo blog ter um selo, "Longe do Armário" não é diferente. Arte muito amadora, feita no paint, mas já é um começo. Juro que um dia faço um melhor.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

A mi madre le gustan las mujeres


Elvira, Gimena e Sol estão na casa de Sofía , sua mãe, para comemorar seu aniversário. Sofía avisa que quer aproveitar a reunião familiar para apresentar às suas filhas o seu novo amor. Conta que é uma pessoa bem mais jovem e que também toca piano. Quando a campainha toca, elas ficam imaginando como deve ser o novo namorado da mãe, e surpreendem-se ao verem que o novo amor de Sofía é, na verdade, uma mulher . A reação das três é bastante variada: Sol acha interessante, Gimena acha que Sofía não tem mais idade pra isso e Elvira entra em crise. Elas tentam parecer filhas compreensivas mas, logo tentam sabotar o relacionamento de Sofía e Eliska.
Esse filme aborda o tema da homossexualidade de um outro ângulo, o oposto do mais comum, que seria a mãe em relação ao relacionamento da filha. Usando do bom humor para tratar de um tema tão delicado, "A mi madre le gustan las mujeres" se sai muito bem naquilo que se propôe.

Para ver, rir, ouvir (tem uma musiquinha grudenta) e pensar.




sábado, 25 de outubro de 2008

O homossexual homofóbico



Quero falar hoje sobre algo que, a princípio, pode parecer estranha, mas é - infelizmente - muito comum, a homofobia entre os próprios homossexuais.

São gays que não gostam de lésbicas (ou vice-versa), homossexuais que não gostam de transexuais, várias formas de preconceito. Mas o que quero falar é sobre uma das formas de preconceito, o preconceito quanto ao estereótipo.

São meninos e meninas que "não dão pinta" e discriminam os gays "afeminados" e as lésbicas "masculinizadas". São tabus, construídos ao longo do tempo e que, ainda hoje, sobrevivem. Alguns chegam ao cúmulo de argumentar: - "Não é porque ele(a) é gay(lésbica) que tem que deixar de ser homem(mulher)." É o cúmulo. Se eu usar saia e maquiagem, sou mulher, e se usar tênis, calça e cabelo curto, sou homem? Em um casal gay, um tem que ser forte, másculo e ativo e o outro mais delicado e passivo? Entre duas mulheres, a butch é o homem e a femme a mulher? E se for o contrário? E se as duas tiverem o cabelo curto? E se os dois forem "afeminados"? E se for o contrário?

Não suporto essa visão heteronormativa que alguns homossexuais têm de que em um relacionamento um(a) tem que ser o "homem" (ativ@) e outr@ a "mulher" (passiva). Se são duas mulheres, são duas mulheres e pronto! Nenhum homem!

Creio que não adianta criticar os heterossexuais homofóbicos quando se chama o vizinho de bicha e a vizinha de machorra! Vamos, primeiro, combater esse preconceito, para depois pensar em acabar com o preconceito do mundo.

É o que eu penso

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Mais um poema da Safo - em grego

Eu também não entendo nada em grego, mas esse poema é lindo.

Φαίνεταί μοι κήνος ἴσος θέοισιν
ἔμμεν ὤνηρ, ὄστις ἐναντίος τοι
ἰζάνει, καὶ πλυσίον ἆδυ φωνεύ-
σας ὑπακούει

καὶ γελαίσας ἰμερόεν, τό μοι μάν
καρδίαν ἐν στήθεσιν ἐπτόασεν·
ὡς γὰρ εὔιδον βροχέως σε, φώνας
οὺδὲν ἔτ' εἴκει·

ἀλλὰ κὰμ μὲν γλῶσσα ἔαγε, λέπτον δ'
αὔτικα χρῷ πῦρ ὐπαδεδρόμακεν,
ὀππάτεσσι δ' οὐδὲν ὄρημ', ἐπιρρόμ-
βεισι δ' ἄκουαι.

ἀ δέ μίδρως κακχέεται, τρόμος δέ
παῖσαν ἄγρει, χλωροτέρα δὲ ποίας
ἔμμι, τεθνάκην δ' ὀλίγω 'πιδεύης
φαίνομαι [ἄλλα].

ἀλλὰ πᾶν τόλματον, [ἐπεὶ καὶ πένητα].

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Parada - e essa não é carnaval

logo


Um site verdadeiramente interessante, que traz notícias, colunas, contos, material para baixar...

Merece uma visita!

Iguais - Isabella Taviani

Belíssima canção, composta pela cantora, compositora e instrumentista brasileira Isabella Taviani. Está em seu terceiro cd, "Diga Sim".


No dia em que ela se declarou a cidade inteira
silenciou
Todos queriam ouvir a resposta
Águias com seus vôos razantes, urubus a espreita de um podre instante
Rezando pelo não nas suas costas
E ela cantava o seu amor
Com a sua garganta branca
E ela jurava o seu amor
Com sua garganta Santa
No dia em que a outra decidiu enfrentar o mundo por aquele amor
Sentiu o peso sobre seus ombros
Pai, mãe, filho, irmãos, amigos e um casamento antigo
Julgamentos e seus escombros
Mas elas se amavam tanto
Que já não cabia engano
Mas elas se desejavam tanto
Mesmo o futuro uma tela em branco
Nunca foi tarde demais
O medo, a verdade desfaz
Águias, urubus, julgamentos, fobias, força bruta
Tudo é pouco demais
Código civil, onde se viu, nêgo que enrustiu não separa os iguais

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

O teatro mágico - Segundo Ato

O Teatro Mágico é um grupo brasileiro que, de maneira graciosa, mescla música, poesia, teatro e arte circense, com muito bom gosto e emoção.
Seu segundo álbum, Segundo Ato, traz o que há de melhor em seu trabalho.
Mais informações, fotos, letras e material para baixar, na página oficial do Teatro Mágico.

Desejo proibido

Um filme para ver, sentir e pensar.

Sinopse:
Três histórias sobre lesbianismo, que acontecem na mesma casa. No segmento de 1961, Abby (Marian Seldes) morre de derrame e Edith (Vanessa Redgrave), que foi sua companheira por 50 anos, tem de silenciosamente enfrentar a perda e também o fato de não ser considerada da família, tanto pelo hospital quanto pelos herdeiros de Abby. No segmento de 1972, Linda (Michelle Williams), uma feminista, é expulsa juntamente com outras três amigas de um grupo de mulheres da faculdade, pelo fato das quatro serem lésbicas. Tentando esquecer o problema, as amigas vão para o único bar de lésbicas na cidade, onde Linda conhece Amy (Chloë Sevigny) e, apesar da desaprovação das suas amigas, acaba se apaixonando por ela. No segmento de 2000, Fran (Sharon Stone) e Kal (Ellen DeGeneres) são duas lésbicas que querem ter um bebê, mas querem que o filho seja só delas. Assim, vão ao banco de esperma na esperança de encontrar um doador e enfrentam uma maratona para ver seu sonho realizado.


Elenco:
Vanessa Redgrave (Edith Tree)
Marian Seldes (Abby Hedley)
Jenny O'Hara (Marge Carpenter)
Marley McClean (Maggie Hedley)
Paul Giamatti (Ted Hedley)
Donald Elson (Sam)
Elizabeth Perkins (Alice Hedley)
Chloë Sevigny (Amy)
Michelle Williams (Linda)
Natasha Lyonne (Jeanne)
Nia Long (Karen)
Heather McComb (Diane)
Amy Carlson (Michelle)
Sharon Stone (Fran)
Ellen DeGeneres (Kal)
Regina King (Allie)
Kathy Najimy (Doutora)
Mitchell Anderson (Arnold)
George Newbern (Tom)

Um poema da Safo

"O amor agita meu espírito
como um vendaval
a desabar sobre os carvalhos"

Ativismo

A muitos, ativismo significa integrar uma ONG ou participar da Parada Gay. É válido, mas não é só isso. O primeiro passo para acabar com a Homofobia da Sociedade, é acabar com o preconceito que há dentro de cada um de nós. O mundo só vai nos ver como normais, quando nós mesmos nos tratarmos assim. Creio que passear de mãos dadas com minha namorada como um casal normal, que somos, é um ativismo muito mais simples e eficaz do que freqüentar a Parada Gay que, infelizmente, é muito mais festa que luta.