quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Campanha contra a censura no Google/ Blogger


Caríssim@s, já devem estar à par da censura que alguns blogs Sáficos estão sofrendo, absolutamente sem justificativa plausível. Para saber mais sobre isso, leia uma matéria publicada No Parada Lésbica.
As gurias criaram um abaixo-assinado virtual, como forma de protesto contra esses abusos do Blogger. Para assinar, aqui.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Dez de dezembro

Impossível não falar dela hoje. Há exatos 46 anos, nascia no Rio uma garotinha que transformaria - para sempre - a história da música brasileira.





Cássia Rejane Eller.

* Rio de Janeiro, 10 de dezembro de 1962
+ Rio de Janeiro, 29 de dezembro de 2001



O rugido do mar. A rocha. A lambida da fera. A guitarra. O raio surdo antes do trovão. A faísca que escapa do fio.
Tudo ali no canto de Cássia Eller.
A brasa do cigarro brilhando na tragada, com a intensidade do que não dura, como a nota; sílaba.
Tudo sob controle sobre descontrole sob controle.
Sua voz parece um corpo material, de carne e osso e músculo e sexo. Um corpo opaco, massa compacta de graves e agudos soando juntos como um soco, um trago, uma onda de éter na cabeça.
Como pode isso emocionar assim?
Arnaldo Antunes
2001

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Índios gays são discriminados

Um dia, conversando com uma quase-antropóloga, que estuda questões ligadas a gênero e sexualidade, perguntei se havia muitos estudos sobre homossexualidade entre povos indígenas. sua resposta, para mim, refletiu mais do que a sua desinformação, mas o desinteresse da antropologia por esse tema. Encontrei essa notícia, acho que vale a pena:

Índios gays são alvo de preconceito no AM

Entre os índios ticuna, a etnia mais populosa da Amazônia brasileira, um grupo de jovens não quer mais pintar o pescoço com jenipapo para ter a voz grossa, como a tradição manda fazer na adolescência, nem aceita as regras do casamento tradicional, em que os casais são definidos na infância.



Esse pequeno grupo assumiu a homossexualidade e diz sofrer preconceito dentro da aldeia, onde os gays são agredidos e chamados de nomes pejorativos como "meia coisa". Quando andam sozinhos, podem ser alvos de pedras, latas e chacotas.
Três ticunas da aldeia Umariaçu 2, na região do Alto Solimões, em Tabatinga (1.105 km de Manaus), contaram para a Folha como é a vida dos homossexuais indígenas na fronteira com a Colômbia e o Peru.


A população ticuna no Alto Solimões soma 32 mil índios. Na aldeia Umariaçu 2, que fica no perímetro urbano de Tabatinga, vivem 3.649 índios ticunas, 40% com menos de 25 anos. Entre esses jovens, pelo menos 20 são conhecidos como homossexuais assumidos.
Segundo a Funai (Fundação Nacional do Índio), há registros de gays também nas aldeias de Umariaçu 1, Belém do Solimões, Feijoal e Filadélfia.


"Isso é novo para a gente. Não víamos indígenas assim, agora rapidinho cresceu em todas as comunidades. São meninos de 10, 15 anos", disse Darcy Bibiano Murati, 40, que é indígena da etnia ticuna e administrador substituto da Funai.
Marcenio Ramos Guedes, 24, e seu irmão, Natalício, 22, pintam o cabelo e as unhas e fazem as sobrancelhas. Trabalham como dançarinos em um grupo típico ticuna que se apresenta nas cidades da região.


Marcenio diz que brigava muito com o pai e que saiu de casa aos 15 anos. "Fui para Tabatinga trabalhar como "empregada doméstica". Eu fazia comida, passava roupa, lavava."
Ao voltar para casa, uma construção de madeira com dois cômodos, onde mora com quatro dos sete irmãos e os pais, Marcenio resolveu cuidar dos afazeres domésticos. O grupo de dança foi criado em 2007, com apoio da família.


"Não sofro discriminação por dançar, todo mundo respeita, assiste. Sofro preconceito [de outros jovens] na aldeia. Se falo alguma coisa, querem me bater, jogar pedra, garrafa."
Natalício diz que tem medo de andar sozinho. "Vou sempre com um colega", afirma.


O ticuna Clarício Manoel Batista, 32, é professor do ensino fundamental e estuda pedagogia na UEA (Universidade Estadual do Amazonas), em Tabatinga. Ele foi um dos primeiros a assumir a homossexualidade na aldeia Umariaçu 2. "Alguns me discriminam -indígenas daqui, não-indígenas também. Fico calado, não falo nada. Eu não ligo para eles", diz.


Clarício disse que contou aos pais que era gay aos 16 anos. "Meu pai não me maltratava porque sempre gostei de estudar, sempre fiz tudo em casa: limpeza, comida, lavar louça."
Questionado se foi pelo trabalho doméstico que ganhou respeito em casa, ele confirmou. "Na verdade, eles [os pais] não queriam que eu fosse assim [gay]. Eles não gostam. Dizem: ninguém gosta desse jeito."


O antropólogo Darcy Ribeiro (1922-1997) escreveu que há registros de homossexualidade entre índios desde ao menos o século 19. Em Mato Grosso, ele estudou os cadiuéus, que chamavam o homossexual de kudina -que decidiu ser mulher.


O cientista social e professor bilíngüe (português e ticuna) de história Raimundo Leopardo Ferreira afirma que, entre os ticunas, não havia registros anteriores da existência de homossexuais, como se vê hoje.
Ele teme que, devido ao preconceito, aumentem os problemas sociais entre os jovens, como o uso de álcool e cocaína.
"Isso [a homossexualidade] é uma coisa que meus avós falavam que não existia", afirmou.


Assunto não é tabu, diz antropóloga


Antropólogos como Pierre Clastres (1934-1977) e Darcy Ribeiro (1922-1997) registraram em artigos a existência de casos de homossexualidade nas tribos indígenas do Brasil. Mas, sobre os índios gays contemporâneos, não há pesquisas.


A antropóloga da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica) Helena Rangel diz que a homossexualidade é tão antiga quanto a humanidade e que, no mundo indígena, alguns mitos fazem referência a essa opção sexual. "Na sociedade indígena, há uma divisão muito clara do trabalho entre homens e mulheres, então, se um homem quer ser mulher, assume o trabalho feminino. Não é um assunto tabu nem absurdo."


Sobre a maior visibilidade dos homossexuais atualmente, Rangel diz que acredita ser um fenômeno mundial e que não pode comentar especificamente sobre os ticunas. "A homossexualidade tem se tornado um fenômeno mais explícito", disse.


Com relação ao preconceito enfrentado pelos indígenas, ela afirma que a discriminação hoje pode ser maior do que a enfrentada anteriormente, devido à maior aproximação dos índios com a moral ocidental-cristã. (KB)

E daí?

A Cláudia Leitte quer que o filho seja macho.
A Madonna quer espelhos na parede e cortinas brancas.
A Gal não quer mais falar com a Marina.
A Ana foi fotografada passeando com a Naná.
O Fábio Assunção internou-se para largar o vício.
A Amy Winehouse também.
A Stela está sendo discriminada.
A Catarina não vai ficar com ela.
O Grêmio ainda tem chance.
Vou pegar exame em sintaxe.
A religião é o ópio do povo.
É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã.
Todo carnaval tem seu fim.
Obama é o primeiro negro.
Vai estrear a última temporada de The L Word.
Meu Cachorro é um esquilo que vive em um aquário.
Jesus te ama.
Macaco, praia, jornal, tobogã, eu acho tudo isso um saco.

Tudo isso.
Tudo isso.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Domínio Público

O "Portal Domínio Público" é uma biblioteca virtual, desenvolvida em software livre e mantida pelo governo federal, onde tem-se acesso a obras dos grandes nomes da literatura mundial, como Machado de Assis, Dante Alighieri e Fernando Pessoa, para download gratuito e absolutamente legal.
Soube que esse portal está ameaçado de ser tirado do ar, por falta de acessos. Não sei se é verdade, mas sua divulgação/acesso vale a pena.

Fica um poema do Pessoa dar gosto ao dia.
A espantosa realidade das cousas
É a minha descoberta de todos os dias.
Cada cousa é o que é,
E é difícil explicar a alguém quanto isso me alegra,
E quanto isso me basta.
Basta existir para se ser completo.
Tenho escrito bastantes poemas.
Hei de escrever muitos mais. naturalmente.
Cada poema meu diz isto,
E todos os meus poemas são diferentes,
Porque cada cousa que há é uma maneira de dizer isto.
Às vezes ponho-me a olhar para uma pedra.
Não me ponho a pensar se ela sente.
Não me perco a chamar-lhe minha irmã.
Mas gosto dela por ela ser uma pedra,
Gosto dela porque ela não sente nada.
Gosto dela porque ela não tem parentesco nenhum comigo.
Outras vezes oiço passar o vento,
E acho que só para ouvir passar o vento vale a pena ter nascido.
Eu não sei o que é que os outros pensarão lendo isto;
Mas acho que isto deve estar bem porque o penso sem estorvo,
Nem idéia de outras pessoas a ouvir-me pensar;
Porque o penso sem pensamentos
Porque o digo como as minhas palavras o dizem.
Uma vez chamaram-me poeta materialista,
E eu admirei-me, porque não julgava
Que se me pudesse chamar qualquer cousa.
Eu nem sequer sou poeta: vejo.
Se o que escrevo tem valor, não sou eu que o tenho:
O valor está ali, nos meus versos.
Tudo isso é absolutamente independente da minha vontade.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Transexual está grávido de seu 2º filho

Thomas Beatie, que ficou mundialmente conhecido por ser o primeiro transexual a dar à luz, revelou em entrevista à rede de televisão norte-americana “ABC” que espera outro filho.
Em junho, Beatie, 34, e sua esposa Nancy, 46, ganharam a filha Susan Juliette. Na entrevista, o transexual contou que voltou a tomar hormônios para poder engravidar novamente.
Beatie também falou pela primeira vez sobre o parto de Susan, que foi por via natural, e contou que os médicos deixaram que sua esposa cortasse o cordão umbilical do bebê.
Thomas Beatie é um transexual FTM (Female To Male). Nascido Tracy Lagondino, ele se submeteu a uma cirurgia de mudança de sexo e a um tratamento hormonal para se tornar um homem. No entanto, o aparelho reprodutivo ainda não havia sido retirado e por isso ele pôde fazer um tratamento de fertilização e conseguiu engravidar. A mulher de Thomas, Nancy, se submeteu a uma hesterectomia (extração do útero) e ficou impossibilitada de gerar uma criança.
No mês passado, Thomas Beatie lançou o livro de memórias intitulado "Labor of Love". Na obra, Thomas descreve sua infância no Havaí, sua transição de sexo feminino para o masculino, seu casamento, sua batalha para ser reconhecido legalmente como homem, sua luta para engravidar e o nascimento de sua filha Susan.


*Notícia no Dykerama, acessada em 17/11/08.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Coluna no PL

A coluna quinzenal "Longe do Armário" já está no Parada Lésbica.
Vejam: Pé na Porta

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Casal, vítima de preconceito, será indenizado.

Na sexta-feira, 7, a 9ª Câmara Cível do TJRS determinou que um clube de Santiago, Rio Gande do Sul, deverá pagar indenização no valor de 4 mil reais por discriminar um casal de lésbicas.

Durante o discurso da decisão final, o juiz afirmou que “um beijo demorado, e de língua, ainda que trocado por um casal homossexual, não pode ser tido por uma conduta inaceitável, ainda mais no local em que se deu, um salão de bailes com diversos casais”.

Em junho de 2003, durante um baile de Sete de Setembro, Juliana Maier e sua parceira foram levadas à sala do diretor do clube, Paulo César Monteiro, onde sofreram ameaças por estarem se beijando. Na ocasião, Monteiro afirmou que, caso não parassem com a troca de carinhos, seriam expulsas da festa.


Isso nos mostra duas coisas:
1 - O preconceito, ainda muito presente em nossa sociedade, é acentuado em cidades de cultura tradicionalmente militar, como Santiago.
2 - Preconceito é crime e sempre que formos vítimas devemos denunciar e levar o processo até o fim, por nós e para que sirva de exemplo, evitando que novas atitudes como essa se repitam.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Cássia Eller faz show em Perequê

Ah! Achei isso na net, divulgação do último show da Cássia. Tive que postar. Dá só uma olhada no preço do ingresso... feliz de quem foi.

Cantora revê sucessos e apresenta canções inéditas de seu último álbum "Acústico MTV"
22/12/2001

Florianópolis - Fruto do CD "Acústico MTV", o show que Cássia Eller apresenta hoje, a partir das 22h30, no Café Pinhão, na praia de Perequê, em Porto Belo, é pautado pelo repertório de sucessos que a cantora gravou em seu último disco e onde revisita sua carreira e apresenta algumas gravações inéditas. Assim como no disco, no espetáculo que está em turnê pelo País ela conta apenas com apoio do violão e de instrumentos desplugados da tomada para darem base à sua voz potente.
A carioca Cássia Eller vem de uma trajetória que remete ao final dos anos 1980, quando seu nome começou a aparecer na mídia. Isso ocorreu depois que sua gravação de "Por Enquanto", de Renato Russo chamou a atenção do público brasileiro, principalmente pela sonoridade seca e um estilo bem particular de entoar suas canções. A rebeldia com nuances de eterna adolescente é a marca registrada que a acompanha até hoje, quando a artista já integra o primeiro time de intérpretes femininas do rock-MPB. Ao todo, ela tem sete discos no currítulo, todos êxitos de mercado.
O show de Cássia Eller abre uma série que continua na terça-feira, dia 26, quando sobe ao palco do Café Pinhão a banda gaúcha Nenhum de Nós. Quinta-feira, 27, acontece o show da banda florianopolitana Os Chefes, e,
na sexta, dia 28, é a vez da também gaúcha Comunidade Nin Jitsu. No sábado, 29, o carioca Frejat mostra o repertório de seu primeiro disco solo. A música do Rio Grande do Sul volta ao espaço no dia 30, com o som da banda Papas da Língua.
A apresentação de Cássia Eller não é a única atra
ção desta noite no complexo de lazer em Perequê. Paralelamente, a noite tem prevista a apresentação da banda Mr. Einstein, no bar principal, e banda Namastê e Serginho Almeida, na concha acústica. A abertura do show da cantora fica a cargo de DJs, que também estarão comandando o som na pista principal.

O QUÊ: Show com CÁSSIA ELLER.

QUANDO: Hoje, a partir das 22h30.

ONDE: Café Pinhão Bar e Boate, av. Colombo Macha

do Sales, 1.574, Perequê, Porto Belo.

QUANTO: ingressos antecipados a R$ 12,00, com bônus R$ 14,00 e na hora R$ 16,00.

Eis uma foto do referido show. No mínimo, histórico. A nós, resta a saudade.




Longe do Armário no Parada Lésbica

Minhas caras, meus caros, uma boa notícia: fui promovida e, de simples blogueira, passei a colunista do Parada Lésbica!
De periodicidade quinzenal, a primeira publicação será ainda essa semana. Leiam e comentem!
A propósito, estão visitando o PL regularmente? Se não, deveriam estar! O site
está cada vez melhor, mais abrangente, diversificado, sério.
Passem lá, leiam as colunas, as matérias, comentem e divulguem! E perdoem-me por tantos verbos no imperativo!

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Novo mundo?

Nesta semana em que todos comentam o que os estadunidenses decidiram nas urnas, também darei o meu ponto de vista, bem menos otimista.
Obama é um democrata, se diz a favor do casamento gay e é o primeiro negro a presidir os EUA. Eu pergunto: "E daí?"
Lula seria o operário que iria salvar o Brasil.
Yeda seria a mulher que iria salvar o Rio Grande do Sul.
Lula, do PT do mensalão, aliou-se com o PL (atual PR), do Bispo Macedo da Igreja Universal, e fez um governo tão neo-liberal quanto o de FHC.
Yeda, do PSDB de FHC, Alckmin e Serra, de braços dados com a Aracruz Celulose, criminalizou os movimentos sociais, fudeu com a educação e conseguiu piorar a economia de um estado que já ia mal.
Não estou, de maneira alguma, querendo comparar Obama com Yeda ou Lula, mas temo que seu governo não seja assim tão "heróico". Os mesmos eleitores que deram vitória a Obama deram também a vitória à "Proposição 8", negando a milhares de californianos um direito básico de qualquer cidadão, o de casar. Obama está formando a equipe de seu governo. Nela estão entrando democratas do governo Clinton e republicanos, que dispensam comentários.
Espero que a eleição de um Hussein negro signifique a queda de alguns dos velhos preconceitos estadunidenses, mas temo que não passe disso.
É só esperar

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Vergonha na cara

Ontem à tarde, eu e esposa voltando do centro. Como de costume, sentamos no fundo do ônibus, e eu a abracei.
Ônibus pára no sinal, outro pára ao lado. Lotadíssimo. Um cara no outro ônibus fica nos encarando. Esposa me pergunta:
-"Por que tá todo mundo olhando pra nós?"
Faço uma cara de "sei lá", completamente debochada. Nisso, uma voz surge do fundo do ônibus do lado:
-"Cria vergonha na cara!"
Começamos a rir, silenciosamente. Imediatamente à manifestação moralizante do rapaz mal-amado, todos os passageiros de ambos os ônibus nos olham. Certamente viram nossa cara de indiferença em relação ao acontecido.
Claro que é uma situação chata mas, se pelo menos uma pessoa, em um dos veículos, a partir disso pensou que quem tem que criar vergonha é o adorável rapaz sem vida social/sexual, e não as duas moças que estavam quietas indo para casa, já valeu a pena.

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Coragem

"Acho engraçado quando alguém chega a meu camarim e diz: 'Que coragem a sua de cantar Eu gosto de homens e de mulheres!'. Poxa, 'coragem' é uma expressão muito antiquada nessa área"
Ana Carolina

Valendo-me das sábias palavras da Diva, introduzo o assunto da minha postagem de hoje. Há poucos dias, uma amiga falou-me que viu eu e minha excelentíssima esposa de mãos dadas pela universidade, e pensou que somos muito corajosas. Não falei nada pra ela, mas vou falar aqui. Não sou corajosa. Apenas sou eu. Andamos de mãos dadas como qualquer casal por que somos um casal como outro qualquer. Levar minha namorada, nas férias, para a casa de meus pais, não foi nada corajoso. Mostrar o apartamento em que vivemos, onde só há uma cama, para minha mãe, não foi nada corajoso. Aparecer na casa dos meus pais com uma enorme aliança na mão esquerda não foi nada corajoso. Só fiz o que qualquer casal normal faria. E somos um casal normal.
Coragem, pra mim, é levar uma vida dupla, é ter que chamar a namorada de amiga, é bancar a solteirona por nunca aparecer com um namorado em casa.

O mundo só vai nos ver como casais normais quando começarmos a nos comportar como tal, e realmente acreditarmos que o somos.


Selo Longe do Armário




Haja vista todo blog ter um selo, "Longe do Armário" não é diferente. Arte muito amadora, feita no paint, mas já é um começo. Juro que um dia faço um melhor.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

A mi madre le gustan las mujeres


Elvira, Gimena e Sol estão na casa de Sofía , sua mãe, para comemorar seu aniversário. Sofía avisa que quer aproveitar a reunião familiar para apresentar às suas filhas o seu novo amor. Conta que é uma pessoa bem mais jovem e que também toca piano. Quando a campainha toca, elas ficam imaginando como deve ser o novo namorado da mãe, e surpreendem-se ao verem que o novo amor de Sofía é, na verdade, uma mulher . A reação das três é bastante variada: Sol acha interessante, Gimena acha que Sofía não tem mais idade pra isso e Elvira entra em crise. Elas tentam parecer filhas compreensivas mas, logo tentam sabotar o relacionamento de Sofía e Eliska.
Esse filme aborda o tema da homossexualidade de um outro ângulo, o oposto do mais comum, que seria a mãe em relação ao relacionamento da filha. Usando do bom humor para tratar de um tema tão delicado, "A mi madre le gustan las mujeres" se sai muito bem naquilo que se propôe.

Para ver, rir, ouvir (tem uma musiquinha grudenta) e pensar.




sábado, 25 de outubro de 2008

O homossexual homofóbico



Quero falar hoje sobre algo que, a princípio, pode parecer estranha, mas é - infelizmente - muito comum, a homofobia entre os próprios homossexuais.

São gays que não gostam de lésbicas (ou vice-versa), homossexuais que não gostam de transexuais, várias formas de preconceito. Mas o que quero falar é sobre uma das formas de preconceito, o preconceito quanto ao estereótipo.

São meninos e meninas que "não dão pinta" e discriminam os gays "afeminados" e as lésbicas "masculinizadas". São tabus, construídos ao longo do tempo e que, ainda hoje, sobrevivem. Alguns chegam ao cúmulo de argumentar: - "Não é porque ele(a) é gay(lésbica) que tem que deixar de ser homem(mulher)." É o cúmulo. Se eu usar saia e maquiagem, sou mulher, e se usar tênis, calça e cabelo curto, sou homem? Em um casal gay, um tem que ser forte, másculo e ativo e o outro mais delicado e passivo? Entre duas mulheres, a butch é o homem e a femme a mulher? E se for o contrário? E se as duas tiverem o cabelo curto? E se os dois forem "afeminados"? E se for o contrário?

Não suporto essa visão heteronormativa que alguns homossexuais têm de que em um relacionamento um(a) tem que ser o "homem" (ativ@) e outr@ a "mulher" (passiva). Se são duas mulheres, são duas mulheres e pronto! Nenhum homem!

Creio que não adianta criticar os heterossexuais homofóbicos quando se chama o vizinho de bicha e a vizinha de machorra! Vamos, primeiro, combater esse preconceito, para depois pensar em acabar com o preconceito do mundo.

É o que eu penso

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Mais um poema da Safo - em grego

Eu também não entendo nada em grego, mas esse poema é lindo.

Φαίνεταί μοι κήνος ἴσος θέοισιν
ἔμμεν ὤνηρ, ὄστις ἐναντίος τοι
ἰζάνει, καὶ πλυσίον ἆδυ φωνεύ-
σας ὑπακούει

καὶ γελαίσας ἰμερόεν, τό μοι μάν
καρδίαν ἐν στήθεσιν ἐπτόασεν·
ὡς γὰρ εὔιδον βροχέως σε, φώνας
οὺδὲν ἔτ' εἴκει·

ἀλλὰ κὰμ μὲν γλῶσσα ἔαγε, λέπτον δ'
αὔτικα χρῷ πῦρ ὐπαδεδρόμακεν,
ὀππάτεσσι δ' οὐδὲν ὄρημ', ἐπιρρόμ-
βεισι δ' ἄκουαι.

ἀ δέ μίδρως κακχέεται, τρόμος δέ
παῖσαν ἄγρει, χλωροτέρα δὲ ποίας
ἔμμι, τεθνάκην δ' ὀλίγω 'πιδεύης
φαίνομαι [ἄλλα].

ἀλλὰ πᾶν τόλματον, [ἐπεὶ καὶ πένητα].

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Parada - e essa não é carnaval

logo


Um site verdadeiramente interessante, que traz notícias, colunas, contos, material para baixar...

Merece uma visita!

Iguais - Isabella Taviani

Belíssima canção, composta pela cantora, compositora e instrumentista brasileira Isabella Taviani. Está em seu terceiro cd, "Diga Sim".


No dia em que ela se declarou a cidade inteira
silenciou
Todos queriam ouvir a resposta
Águias com seus vôos razantes, urubus a espreita de um podre instante
Rezando pelo não nas suas costas
E ela cantava o seu amor
Com a sua garganta branca
E ela jurava o seu amor
Com sua garganta Santa
No dia em que a outra decidiu enfrentar o mundo por aquele amor
Sentiu o peso sobre seus ombros
Pai, mãe, filho, irmãos, amigos e um casamento antigo
Julgamentos e seus escombros
Mas elas se amavam tanto
Que já não cabia engano
Mas elas se desejavam tanto
Mesmo o futuro uma tela em branco
Nunca foi tarde demais
O medo, a verdade desfaz
Águias, urubus, julgamentos, fobias, força bruta
Tudo é pouco demais
Código civil, onde se viu, nêgo que enrustiu não separa os iguais

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

O teatro mágico - Segundo Ato

O Teatro Mágico é um grupo brasileiro que, de maneira graciosa, mescla música, poesia, teatro e arte circense, com muito bom gosto e emoção.
Seu segundo álbum, Segundo Ato, traz o que há de melhor em seu trabalho.
Mais informações, fotos, letras e material para baixar, na página oficial do Teatro Mágico.

Desejo proibido

Um filme para ver, sentir e pensar.

Sinopse:
Três histórias sobre lesbianismo, que acontecem na mesma casa. No segmento de 1961, Abby (Marian Seldes) morre de derrame e Edith (Vanessa Redgrave), que foi sua companheira por 50 anos, tem de silenciosamente enfrentar a perda e também o fato de não ser considerada da família, tanto pelo hospital quanto pelos herdeiros de Abby. No segmento de 1972, Linda (Michelle Williams), uma feminista, é expulsa juntamente com outras três amigas de um grupo de mulheres da faculdade, pelo fato das quatro serem lésbicas. Tentando esquecer o problema, as amigas vão para o único bar de lésbicas na cidade, onde Linda conhece Amy (Chloë Sevigny) e, apesar da desaprovação das suas amigas, acaba se apaixonando por ela. No segmento de 2000, Fran (Sharon Stone) e Kal (Ellen DeGeneres) são duas lésbicas que querem ter um bebê, mas querem que o filho seja só delas. Assim, vão ao banco de esperma na esperança de encontrar um doador e enfrentam uma maratona para ver seu sonho realizado.


Elenco:
Vanessa Redgrave (Edith Tree)
Marian Seldes (Abby Hedley)
Jenny O'Hara (Marge Carpenter)
Marley McClean (Maggie Hedley)
Paul Giamatti (Ted Hedley)
Donald Elson (Sam)
Elizabeth Perkins (Alice Hedley)
Chloë Sevigny (Amy)
Michelle Williams (Linda)
Natasha Lyonne (Jeanne)
Nia Long (Karen)
Heather McComb (Diane)
Amy Carlson (Michelle)
Sharon Stone (Fran)
Ellen DeGeneres (Kal)
Regina King (Allie)
Kathy Najimy (Doutora)
Mitchell Anderson (Arnold)
George Newbern (Tom)

Um poema da Safo

"O amor agita meu espírito
como um vendaval
a desabar sobre os carvalhos"

Ativismo

A muitos, ativismo significa integrar uma ONG ou participar da Parada Gay. É válido, mas não é só isso. O primeiro passo para acabar com a Homofobia da Sociedade, é acabar com o preconceito que há dentro de cada um de nós. O mundo só vai nos ver como normais, quando nós mesmos nos tratarmos assim. Creio que passear de mãos dadas com minha namorada como um casal normal, que somos, é um ativismo muito mais simples e eficaz do que freqüentar a Parada Gay que, infelizmente, é muito mais festa que luta.